
Albert Camus: Uma vida
- Olivier Todd
- 1047 Páginas
Avaliações: 0
Baixar livro Albert Camus: Uma vida em ePub Pdf ou Mobi
Sinopse
Sem os solicitar em interpretações excessivas e precipitadas, até que ponto se podem explorar os textos publicados de um autor para balizar sua vida? “A ideia de que todo escritor escreve forçosamente sobre si mesmo e se descreve em seus livros é uma das puerilidades que o romantismo nos legou”, afirmava Camus. As obras de um homem frequentemente retraçam a história de suas nostalgias ou de suas tentações, quase nunca sua própria história. Esse quase pesa muito. Aliás, nostalgias e tentações fornecem a um autor sua massa sem fermento. Para além dos sucessos da transposição artística, sua obra parece muito biográfica. Roger Grenier, que o conheceu, evoca suas “máscaras”. A máscara filtra olhares.
“O que o senhor acha que os críticos franceses negligenciaram em sua obra?”, perguntaram a Camus em 1959. “A parte obscura, o que há de cego e instintivo em mim”, respondeu ele. “A crítica francesa interessa-se antes de tudo pelas ideias.” Rude generalização, válida para Camus, sobretudo no rico e tumultuado contexto francês, literário, filosófico ou político de 1930 a 1960.
Aos vinte anos ele dizia: “Assim como a morte de um escritor faz com que se exagere a importância de sua obra, a morte de um indivíduo faz com que se superestime seu lugar entre nós.” Pode-se também subestimá-lo. Na França, mãe das letras – no que se refere às armas e às leis estamos atrasados –, logo após a morte de uma celebridade, costuma-se fazer a elegia hagiográfica. Frequentemente, depois, durante anos, assassina-se reiteradamente o caro falecido.
Num primeiro romance, publicado onze anos após sua morte, Camus – que tinha vinte e dois anos – dizia de Mersault (não Meursault): “Como um pão quente, que se amassa e se esmaga, ele queria segurar sua vida nas mãos.” Uma biografia é apenas um ensaio: tentei captar os gestos, as mãos, o coração de um escritor no trabalho, e restituir a Camus suas diversas vozes.