As Melhores Histórias do Futebol Mundial

Um dia ainda alguém terá a lucidez de documentar em livro quanto o futebol português deve ao sorriso. Ou melhor, quanto o futebol – e, por consequência, a cultura popular portuguesa – deve aos que dedicaram parte do seu talento e da vida profissional a unir, em prosas curtas, histórias, futebol e sorrisos. Reparem, não exagero. Não espero que Portugal faça como o Brasil, quando atribuiu o nome de Mário Filho, o cronista que mais fez para integrar o futebol na identidade cultural brasileira, ao maior estádio do mundo, o Maracanã. Até porque este não é um tempo propício para glorificar cronistas, cá como no Brasil. Mas espero outra coisa, na forma de um ato de justiça mais discreto. Espero que um dia se torne uma evidência sublinhar que contadores de histórias como Carlos Pinhão, Fernando Assis Pacheco, Mário Zambujal ou Duda Guennes estão na base do que ainda há de saudável na nossa relação com o futebol. E que, redescobrindo os seus textos – e sorrisos – possamos recuperar também a lucidez de um tempo em que a discussão de penáltis não absorvia toda a nossa capacidade de indignação, desviando-a de outras indignidades mais violentas. E então, alargando horizontes, será mais fácil a futuros leitores inserir esses nomes numa linhagem ilustre de cultores do género, como Eduardo Galeano, Javier Marías, Eduardo Sacheri, Mário Filho, Nelson Rodrigues, Manuel Vazquez Montalbán, José Lins do Rego ou Osvaldo Soriano, para ficarmos só por alguns exemplos de expressão ibérica.