Monroe

A noite de quarta-feira estava sendo ótima. O tempo arejado e o clima perfeito para voltar para casa andando. À apenas duas quadras dali, Sophie resolveu passar na padaria pelo caminho. Ela desceu as escadas checando o relógio de pulso. Oito da noite, em ponto, como sempre, descendo o lance de onze degraus até a rua. Com a chave na mão, a loira abriu a porta de ferro e saiu, vislumbrando a rua naturalmente pouco movimentada naquele horário. As luzes da academia em frente estavam quase que completamente apagadas, pois pelo tempo ali, já sabia que fechavam mais cedo nas quartas. Olhou para os dois lados antes de fechar a porta e enfiar a chave na fechadura e já trancava a porta quando o celular tocou. Sophie soltou a chave presa na fechadura para abrir a bolsa e vislumbrar o nome da avó piscando na tela do aparelho. Com um sorriso ameno, ela apertou o botão verde e levou o aparelho à orelha no exato momento em que um vulto passou por sua visão periférica. Sequer teve tempo de reagir. Em um milésimo de segundo, o corpo de quarenta e sete quilos era pressionado contra a porta recém-fechada. ― Pra dentro! ― A voz esganiçada esbravejou, e Sophie derrubou o celular e a bolsa no chão em uma instantânea crise de pânico. A mão masculina girou a chave e abriu a porta de ferro, jogando a mulher para dentro para trancá-la novamente logo em seguida.