Uma Janela Sombria

Eu tinha nove anos na primeira vez que os Clínicos vieram à nossa casa. Meu tio e os homens dele não estavam. Minha prima Ione brincava com os irmãos na cozinha, fazendo barulho, e minha tia não escutou os murros na porta até o primeiro homem de vestes brancas já estar no saguão. Ela não teve tempo de me esconder. Eu estava dormindo, cochilando que nem um gato na janela. Quando ela me acordou, me sacudindo, foi com a voz cheia de medo. — Vá para o bosque — sussurrou, antes de abrir o trinco e me empurrar suavemente pela janela. Para o meu azar, não caí na grama quente sob o sol de verão. Bati a cabeça em uma pedra e pisquei, a náusea e a tontura escurecendo minha visão, e senti minha cabeça doer sob o calor sufocante. Escutei o movimento dentro da casa — passos pesados, cheios de uma determinação sinistra. Levante-se, ordenou a voz dentro da minha cabeça. Levante-se, Elspeth. Eu me ergui, trêmula, desesperada para chegar às árvores nos fundos do jardim. A bruma me envolveu e, mesmo sem meu amuleto no bolso, corri em direção ao bosque.